A tensão emocional faz parte de nossa rotina. Mas se você acha que isso é ruim, está enganado. E ela que nos deixa prontos para os desafios do dia a dia, para enfrentar os problemas comuns, sejam pessoais quanto profissionais. O excesso, porém, pode levar ao estresse e à ansiedade. E o que fazer para que a tensão não traga efeitos negativos para nossa vida e, principalmente, para nossa saúde? O médico Cyro Masci, clínico geral e psiquiatra, autor do livro “Biostress – Novos Caminhos para o Equilíbrio e a Saúde”, desenvolveu sete pilares para usar a tensão a nosso favor. São eles: alimentação; parada para respirar; jejum de notícias e catástrofes; ingestão de café; atividade física; uso do tempo e perfeccionismo. Vamos a eles.
1 – Alimentação
O ditado “a gente é o que o que come” não se refere apenas à quantidade, mas também à qualidade. “Quando a gente fala em tensão emocional, é muito importante lembrar que se o açúcar cair muito abruptamente, abaixo do normal, a pessoa vai passar mal. Isso nada mais é do que um estímulo ao cérebro, que ainda é muito primitivo, dizendo: Olha, você vai morrer de fome”, explica Cyro Masci. O primeiro pilar para driblar a tensão, segundo o médico, é nunca ficar mais de três horas sem se alimentar. O ideal é dar preferência a um alimento que não seja de alto índice glicêmico, ou seja, que não dê pico de glicose. “Ao invés de comer chocolate, coma uma castanha de caju ou castanha do Pará, por exemplo, que dão pico de glicose menor” aconselha o médico.
E isso é fácil. Basta ter sempre um punhadinho de frutas secas na sua gaveta para comer em intervalos de três horas e não gerar um estímulo de alarme ao cérebro sem nenhuma necessidade. “Um pouquinho já é suficiente, para não deixar cair muito a glicose. Oleaginosas, como as castanhas, têm óleos muito bons e são fantásticas para manter o nível de glicose no organismo. Além disso, são fáceis de adquirir e de comer”, afirma Masci.
2 – Parar para respirar
O segundo pilar sugerido por Cyro Masci é a respiração. Acha difícil mudar o ritmo e parar por alguns minutos? Sim, não é nada fácil quebrar a correria, porque muita gente pensa que se parar não vai ter pique para continuar. Isso, segundo o médico, é bobagem. “Há muitas pesquisas e evidências científicas que demonstram que se parar periodicamente, quando voltar, a produtividade será ainda melhor.”
Masci explica que o ideal é parar um pouco e respirar no ritmo: 2-1-4. “Inspira-se em dois tempos, segura um tempo e solta em quatro tempos. É facílimo. Na verdade, o desafio não é a respiração, porque você pode fazer isso com tranquilidade até no meio de uma reunião, contanto que repita pelo menos por um minuto o exercício. Se não fizer por um tempo, seu cérebro pode achar que está sendo enganando, em perigo, em tensão”, explica o médico. Segundo ele, o cérebro não consegue incluir mais de uma informação ao mesmo tempo, por isso é importante insistir na repetição da informação de que está tudo bem. “Com a respiração, essa informação vai vencer e a pessoa vai conseguir relaxar, vai conseguir ser mais produtivo sem tensão.”
3 – JEJUM DE NOTÍCIAS E CATASTROFES
Se todo mundo hoje é instigado a se manter antenado e atualizado com o que está acontecendo pelo mundo inteiro, como se desligar das notícias? “Será que é preciso mesmo ficar ligado o tempo todo?”, questiona o médico. “Quando um paciente está em situação de estresse, em situação de tensão, eu prescrevo e escrevo, carimbo e assino: jejum de notícias. O que é importante, alguém vai contar.” Segundo ele, é necessário apenas se manter informado do que for imprescindível para sua área de atuação. Por exemplo, alguém que lide com mercado financeiro, vai ter de ler notícias do mercado financeiro boas ou ruins, não tem direito de selecionar.
“Muito do que a gente lê de notícia é curiosidade mórbida, crimes que estão acontecendo nos colocam em alarme e não dá para fazer absolutamente nada a respeito. Isso faz com que a pessoa fique absolutamente tensa sem motivo algum.” Informar-se é bom, é interessante, lembra o médico, mas é importante selecionar aquilo que vai entrar em sua cabeça. “Você não come qualquer porcaria, como é que permite que entre qualquer informação na sua mente. Passe a ser criterioso, a selecionar aquilo que você vai ler, aquilo que vai entrar na sua mente”, complementa.
4 – CAFEZINHO
“Café é ótimo, eu adoro café, adoro expresso como todo brasileiro, mas depois das 16h ou 17h, é preciso ser abstinente, senão você vai entrar em um estado de excitação. Se gostar de expresso, a quantidade máxima aceitável é de até uns três ou quatro por dia”, diz o médico. É importante prestar atenção neste pilar, porque ingerir café depois das 16h pode trazer insônia. “Você vai ficar muito excitado, muito irritado, muito nervoso, sem entender o motivo.”
5 – ATIVIDADE FÍSICA
Não tem jeito, todo mundo tem de se mexer. A atividade física leva mais sangue ao cérebro, aos músculos, fortalece os músculos, o coração, ajuda a circulação. “É condição fundamental para viver muito mais e muito melhor. E bastam 20 ou 30 minutos de atividade aeróbica a cada 24 a 48 horas para obter resultados”, explica Cyro Masci. O médico dá como exemplo um carro parado na garagem. “Não adianta consertar o carro e deixá-lo parado. É preciso sair, andar com ele. A mesma coisa acontece com o organismo.”
6 – ADMINISTRAR O TEMPO
Conseguir um tempinho de 20 a 30 minutos por dia para fazer exercícios nos leva ao sexto pilar: como administrar o tempo. Cyro Masci dá a dica: “Existem coisas que são importantes, existem coisas que são urgentes. Não confunda aquilo que é urgente, com aquilo que é importante. Importante são suas metas de vida, aquilo que você quer alcançar. Urgente, muitas vezes, é aquilo que é colocado na sua frente pra você responder.” A dica então é perguntar: ‘Isso é importante para mim? Ou isso é urgente?’. Após responder tais questões, o conselho é nunca permitir que as coisas urgentes interrompam e bloqueiem as coisas que são fundamentais e muito importantes para sua vida.
7 – PERFECCIONISMO
O sétimo pilar para evitar que a tensão emocional interfira negativamente em nossas vidas é tentar ser menos perfeccionista. “O perfeccionismo atrapalha”, enfatiza o médico, ao lembrar que este último tópico é muito importante. Para saber se você se encaixa nele é preciso parar para prestar atenção ao diálogo interno. Afinal, como é que funciona a cabeça de quem é perfeccionista? “Basicamente, preste atenção se responde quase todas as questões do dia a dia desta forma: ‘Sim, mas…” Por exemplo: ‘Ah, tá legal, mas podia…’, ‘Olha, a gente queria ir lá, mas…”.
(Autor: Cyro Masci)
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