As pessoas se perguntam muitas vezes, se devem ou não tomar medicamentos, principalmente na área da psiquiatria. Quando um paciente deve ser medicado?
Deve-se combater toda e qualquer depressão? Qual é a diferença entre tristeza e depressão?
No século dezenove, entre os escritores e poetas da época do Romantismo, a tristeza era considerada uma emoção a ser cultivada. Acreditava-se que a melancolia podia inspirar a escrita criativa. A literatura romântica frequentemente possuía uma ambientação sombria, pessimista, soturna.
Hoje em dia as pessoas parecem ter horror à tristeza. Referem-se a ela como uma emoção que deve ser combatida a todo custo. Devemos ser felizes, alegres, contentes na maior parte do tempo e, quanto mais, melhor. Devemos, temos o direito, quase que a obrigação de sermos felizes. Ser feliz é muito bom mas a vida é feita de todas as emoções. A diversidade e o equilíbrio dessas emoções enriquecem a vida, nos proporcionando mais e melhores oportunidades de aprendizado.
Ora, a tristeza é uma emoção natural como outra qualquer e é absolutamente normal que sintamos tristeza diante de certos fatos e por alguns períodos durante nossas vidas. Ficar triste e se recuperar da tristeza faz parte da existência humana na terra. No entanto, quando a pessoa permanece triste por muito tempo e não se recupera como seria de se esperar, aí sim essa pessoa deve ser avaliada.
Ou então, quando o abatimento é tão intenso que afeta seriamente o humor e a rotina, quando traz grande sofrimento ou põe em risco a vida da pessoa, está na hora de buscar ajuda. Por exemplo, depois de uma grande perda, é normal haver inapetência por alguns dias e não há problema se a pessoa não se alimentar como de costume por algum tempo. Mas, quando ela come tão pouco que começa a perder peso continuamente e não dá sinais de melhora, é bom passar por uma avaliação médica.
Existem critérios definidos para se diagnosticar a depressão. Entre eles, podemos citar: tristeza, falta de energia, desinteresse por aquilo que costumava dar prazer, mudanças no apetite ou no sono – tanto para mais como para menos – falta de concentração, sentimento de fracasso, irritabilidade.
Os sintomas não estão todos presentes no mesmo indivíduo e podem variar de intensidade. As pessoas são únicas na sua forma de ser e de adoecer. O diagnóstico da depressão é feito quando pelo menos alguns dos sintomas estão presentes e o quadro persiste por mais que algumas semanas.
Nem sempre a pessoa tem condições de decidir se vai ou não procurar um médico. A pessoa pode estar tão deprimida que não consegue sequer tomar a decisão de ir ao médico e não tem iniciativa suficiente para marcar uma consulta. É aí que alguém próximo tem que intervir e tomar uma providência.
Uma vez no médico, é importante levar a maior quantidade possível de informações para que o profissional possa ter uma ideia melhor do quadro do paciente. Algumas características do paciente têm que ser observadas e relatadas por quem convive com ele porque passam despercebidas pelo paciente em si.
Depois da avaliação, o médico deve dar seu parecer quanto ao problema do paciente e dizer se é de opinião que um medicamento pode ajudar. O ideal seria que a decisão de usar ou não medicamentos fosse tomada em conjunto, pelo médico e pelo paciente. Isso só acontece quando há uma boa relação médico-paciente, o que envolve confiança e respeito de ambos os lados.
Autor: Dra. Karen Câmara