O exercício lúdico é essencial não apenas às crianças – também funciona como organizador psíquico fundamental na vida adulta.
O desinteresse de uma criança por brincar muitas vezes é um sintoma claro de que há algo errado. Os adultos, porém, frequentemente perdem a conexão com a própria capacidade lúdica, sem que isso seja motivo de preocupação. Quando nos afastamos do exercício lúdico – seja por meio do som, do movimento, da palavra, dos pensamentos ou de infinitas outras maneiras de expressão – um organizador psíquico fundamental também se esvai. É preciso encontrar maneiras de se reconectar ao brincar em suas manifestações adultas.
Com o corpo. Dançar, praticar esportes sem a preocupação de obter o melhor desempenho, ou/e até entrar na farra com as crianças ou com seu bichinho de estimação pode ser muito divertido. Mesmo a masturbação pode ser uma “brincadeira” que propicia não só satisfação sexual imediata, mas também intimidade com o próprio corpo e as sensações físicas.
Com objetos. Num mundo em que a maioria dos processos cotidianos é cada vez mais virtual, a experiência de confeccionar ou transformar algo com as próprias mãos é um desafio para a criatividade. Atividades como tecelagem, bordado, marcenaria, jardinagem, desenho, origami e culinária costumam trazer sensação de grande bem-estar.
Com o outro. Jogar conversa fora, rir, recordar situações vividas, contar histórias sem o propósito de convencer o interlocutor do quer que seja ou explicar algo, mas usar a palavra apenas pelo prazer da troca e do convívio pode parecer para muita gente uma perda de tempo. Mas não é. A interação social descontraída com pessoas com quem mantemos laços afetivos fortalece vínculos, reafirma valores e coloca em outra perspectiva problemas que pareciam insolúveis.