Adolescência e Luto (dos pais!)

Outro dia recebi um e-mail. Era de uma amiga que, sem querer, querendo, viu o “face” da filha e encontrou a seguinte mensagem com uma “curtida” da filha:

“Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprender inglês, usar camisinha, dizer não às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e administrar dezenas de paixões fulminantes e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados, em locais onde sempre tem fila, ou em locais que seus pais consideram “inapropriados”, é o apocalipse? Não, é apenas a adolescência! Então…Dance, beba, se divirta, estude, brigue pelos seus amigos, brigue pelos seus diretos, se aventure, chore, se arrisque, sorria, se decepcione…Mas não sente com a bunda no sofá e reclame que sua vida é um caos, acredite, a de todos os adolescentes é um caos! Adolescência por mais louca, estranha e confusa que seja, é a fase mais linda da vida, então aproveite porra!”…

Minha amiga ficou meio chocada! Não entendi bem o porquê e ao mesmo tempo entendi bem o porquê! Confuso? Eu explico!
Adorei a clareza com que a amiga da filha dela descreveu o que é ser adolescente! Atire a primeira pedra quem, no período, da adolescência nunca se sentiu assim! Nesta fase da vida parece que tudo que fazemos e queremos vai contra os princípios dos nossos pais… já não podemos mais agir como a criança que um dia fomos e não temos ainda permissão do mundo para sermos os adultos que todos desejam que um dia sejamos.

É a adolescência pós moderna. É a adolescência de sempre! Onde os valores culturais de uma geração destoam abertamente dos valores convencionais da geração anterior. David Zimeman ilustra essa contra cultura adolescente quando compara o “namorar” do nosso tempo (quem tem seus 30, 40 anos sabe do que estou falando!) com o “ficar”, sem maiores compromissos vividos pela juventude hoje.

Transgredir, ser “do contra” é a forma como o adolescente busca se diferenciar dos pais. É uma necessidade para aquisição do sentimento de identidade, para deixar de ser o “filho dos pais” e ser um indivíduo único, alguém além dos pais.

Por outro lado ser pai/mãe de um adolescente requer uma busca constante de equilíbrio e uma visão muito clara que nossos filhos não são prolongamentos de nós mesmos. Não cabe a eles viver por nós aquilo que não vivemos, realizar nossas escolhas, tornar realidade os nossos sonhos. E é isso que deve ter chocado minha amiga e que eu entendo tão bem!

Os pais de adolescentes vivem também uma crise! Um luto, aliás vários lutos… luto pela constatação de que o tempo passou, que a criancinha indefesa está crescendo “rápido demais”, pela não realização de seus sonhos e projetos quando estes são frustrados por diferentes escolhas feitas pelos filhos, luto pela eterna e angustiante preocupação que a liberdade de movimentação dos filhos nos causam, luto pela solidão e desamparo quando o “objeto filho”começa a caminhar pelas próprias pernas, pela perda total de controle, que desperta sentimentos intensos e contraditórios em relação ao que fazer e como ser pai/mãe deste “estranho” que agora vive lá em casa!

Uma crise por constatar que aquele ser indefeso cresceu e tem opiniões e pensamentos próprios, muitas vezes divergentes ou diferentes dos nossos. De repente não cabe mais a nós decidir e aprender a respeitar isso é um sofrido aprendizado. Trabalhoso, mas possível.

Projeções, transferências e idealizações são fenômenos comuns na vida de todo pais de adolescente. Mas há luz no fim do túnel! A ajuda de um terapeuta pode facilitar este processo rico de crescimento e redescoberta de nossa nova forma de ser pais!

Natthalia Paccola

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  • Vivo este relacionamento que ao ver é muito conturbado, mas tento entender como seria se fosse comigo, mas é as vezes é difícil pois o escutar muito das vezes não é correspondido entre nós pais e filhos, acredito que temos um longo caminho a percorrer com muitas diferenças que o próprio tempo nos traz, contudo, vamos superar a entender como é difícil ser uma pessoa em transformação e sem direitos legais.

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Natthalia Paccola

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