Quando a ONU precisou de um consultor de dados para frear o avanço do ebola, quem ela chamou para fazer parte de seu time? O brasileiro Ricardo Cappra, estrategista digital que tem um currículo de dar inveja até aos mais experientes da área.
Formado como técnico em processamento de dados, Cappra criou, aos 19 anos, uma empresa que oferecia serviços de tecnologia de informação. Além disso, ele colaborou na campanha presidencial de Barack Obama, em 2008, como consultor de estratégias digitais.
Atualmente, Cappra tem uma parceria com a Google, que permite que ele e seu time trabalhem na sede da empresa na Califórnia. Com esse grupo de 20 pessoas, ele já fez consultoria para empresas como a Coca Cola, o Barcelona e a Gatorade.
No entanto, um dos maiores feitos do estrategista brasileiro está relacionado à saúde. Ele participou de um projeto que previu o surto do ebola cerca de nove dias antes de a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar formalmente a epidemia. E tudo isso foi feito a partir do big data, o armazenamento rápido de uma grande quantidade de dados.
Conduzido pela ONU , com auxílio do Google e do Governo dos EUA, o Health Mapé é um banco de dados que peneira e reúne informações de milhões de mensagens de mídias sociais e outras fontes online. Em seguida, o programa usa esses dados para criar um relatório visual dos surtos de doenças globais.
“Nós rastreamos informações sobre o DNA do vírus, sua fragilidade e por onde entra o ebola. Depois cruzamos os dados para saber qual seria o próximo país que o ebola iria impactar”, diz Cappra, em entrevista a EXAME.com.
Antecipar surtos é uma prova de que usar dados na prevenção de doenças pode ser uma boa ideia. “Eu acredito que nós poderemos fazer previsões de quando um vírus vai virar uma epidemia mundial. Os vírus evoluem a partir de outros já existentes e isso já está mensurado. Um exemplo é o vírus Zika, uma evolução da dengue”, conta o estrategista.
P w∈Cuv x 2 w + 2P s,t∈Cuv dv(s, t)xsxt emb(u, v). Essa é a fórmula do amor, segundo Cappra. Não entendeu? Parece complicado, porém a ideia é bem simples: os seus hábitos nas redes sociais e, em geral, na internet define quem pode ser o amor de sua vida.
“No começo, nós utilizávamos o gênero e a idade para encontrar as pessoas que tinham mais afinidade com outras. Porém, nós percebemos que essas características distorciam a fórmula”, diz Cappra.
Assim, para a fórmula acima, não importa se você curte as mesmas páginas que outra pessoa, mas quando você decidiu gostar delas. Isso faz sentido, pois estudos apontam que as vontades, desejos e até a personalidade do ser humano mudam com o decorrer do tempo.
A sensação de que estamos sendo vigiados é constante. Com as novas tecnologias e o uso do big data, todas as nossas informações podem ser utilizadas por grandes empresas, sem nem mesmo termos consciência disso.
Ao assinar contratos com mídias sociais, como Facebook, Twitter e até o Whatsapp, nós estamos compartilhando nossa privacidade com essas companhias. No entanto, a dúvida que fica é se o uso dessas informações irá ajudar ou atrapalhar nossas vidas.
Para Cappra, o homem não tem como fugir dessa evolução. “Se o serviço entregue por essas empresas for melhor que a coleta massiva de dados que elas querem e precisam, então a troca sempre irá valer a pena”, afirma o estrategista.
Contudo, ele acredita que regras precisam ser feitas para regularizar a utilização dessas informações. “Leis sobre o uso dos dados pessoais de bilhões de pessoas no planeta são necessárias. Apenas dessa maneira teremos transparência e a utilização correta desse compartilhamentos de dados”, diz Cappra.
Autora: Marina Demartini
Fonte: exame.com
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