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DAR VALOR DEPOIS QUE PERDE: UM DRAMA UNIVERSAL?

“Many is the time I knelt in the light
appealing to all that I know
Guide my eyes and steps
that I may find love true”
(Patti Smith)
Se existe algo que eu não entendo, é gente que só dá valor para o que tem depois que perde. Uma vez ou outra, tudo bem.  Escorregar na vida faz parte. Mas não é preciso ter muita inteligência para saber o quanto algumas coisas nos são caras, certo? Teoricamente, sim. O problema se instala quando o tropeço vira rotina, e a gente começa a acreditar que o passado era melhor. Que a grama do vizinho é sempre mais verde.
Se você se identifica com alguma frase acima, então, meu amigo, está na hora de rever seus conceitos. Essa história de “eu era feliz e não sabia” é coisa de gente fraca e não pega nada bem. A era do saudosismo já era, inventar um passado perfeito (para aliviar o presente) não vai te fazer crescer. NUNCA.

Será que a gente precisa perder a casa, a saúde, o emprego (e o respeito) pra lhes dar os devidos valores? Será necessário que o amor se vá para ver o quanto ele era especial?
Sejamos sinceros: será que precisamos PERDER para, depois, aprendermos a VALORIZAR?
Ah, não.  Eu estou cansada. Chega de ser a “mulher da vida” de um bando de” bocomocos” que só me deram valor depois que eu me mandei.
Não é sempre assim? A gente aguenta o que pode, faz de tudo para a relação dar certo. Aí, um belo dia, acordamos de saco cheio e resolvemos dar no pé e pensarmos mais na gente.  Nessa hora, o céu se abre, uma luz incide no meio da cabeça dos pobres moços, e eles conseguem enxergar o quanto a gente era incrível. Incrível é pouco, na verdade. Eles veem o quanto éramos mulheres de verdade, parceiras de qualquer crime, que aguentávamos todas as chatices e ainda fazíamos um carinho gostoso antes de dormir. Parece familiar?
Pois é. Aí a gente muda de classe. De CHATA vira A mulher. A santa. A deusa. A insubstituível.
Ô céus, e o pior é que isso acontece em todas as áreas da vida. Lembra aquele emprego bizarro? Ai, que saudade (já que o de agora é muito pior!). Lembra da sua adolescência (ah, que tempo bom, arguição é a melhor coisa da vida!).
Como vocês podem ver, estou meio alterada hoje (o que, com a graça de Deus, me faz escrever 1500 caracteres por minuto) e, por isso, resolvi extravasar minha indignação diante de todas as criaturas (inclusive eu, vai saber) que cometem o deslize de achar que o passado é sempre melhor.
Se o passado foi bom, ÓTIMO! Guarde-o na memória, e faça o seu AGORA ainda melhor. Que tal? Difícil? Então vamos lá. (Quando eu fico nervosa, eu viro um livro de autoajuda, me acudam!)
Regra número um: a gente tem memória seletiva e SÓ se lembra das partes boas. Dos anos que foram coloridos. Das pessoas legais. Dica para não cair nessa furada: seja realista e lembre-se de todos os defeitos alheios e todos os sentimentos ruins que você sentiu. Regra dois: para mim, um cara (ou um trabalho ou um amigo) que não te dá o devido valor deve ser rebaixado. É, rebaixado mesmo. Então, se o cara resolveu te dar valor AGORA, ao invés de você agradecer e bater seus enormes cílios, pergunte-se: um indivíduo que vive nesse estado de insatisfação constante vale a pena?  Regra número três: essa é a mais difícil. Sinta-se agradecido. Verdadeiramente agradecido. Por tudo o que você tem HOJE. Por tudo o que você É. Seja honesto com seus sentimentos. Não se supervalorize. Nem tampouco se subestime.  Seja forte. E bote para quebrar (se vier a calhar).
No mais, é só viver com o coração ABERTO. Afinal, o mundo anda tão louco que quem não aproveitar o presente vai se arrepender amanhã. Essa é a minha única certeza.
Autor: Fernanda Mello
Foto: Alessandra Duarte

4 thoughts on “DAR VALOR DEPOIS QUE PERDE: UM DRAMA UNIVERSAL?

  1. Álvaro says:

    Como a autora bem faz questão de ressaltar, o texto foi escrito de “cabeça quente”… Resumir o insucesso de uma relação ao fato de “um bando de bocomocos” não perceber o quanto a autora é especial é não querer ver sua quota de responsabilidade pelo fracasso da relação… Tanto o sucesso quanto o fracasso do relacionamento dependem de ambos os parceiros… Talvez a maior oportunidade que um término nos dá seja nos propiciar uma auto reflexão, para assim não repetirmos os erros no próximo relacionamento… Acho esse primeiro momento primordial para, e somente após, “quebrar o pau”….

    • maria says:

      uma relaçao é sem dúvida feita a dois, agora ambos terem culpa é muito relativo.
      Por melhor que um seja e até se esforçe, o outro acaba por desgasta-lo na repetiçao dos seu erros, agora todos podemos atribuir uma parte da responsabilidade ao outro, assim facilitamos muito a ideia de que a culpa não foi só nossa. Devemos sempre fazer tudo certo, sem falhas mesmo diante dos erros implacáveis em que alguns insistem em persistir?…..assim talvez não tivessemos culpa nenhuma!
      Eu gosto pouco de frases feitas mas como diz o ditado, se um não quer, dois não dançam.

  2. Fátima Salvado says:

    Será que vale a pena recomeçar uma relação? Fartei-me de ser eu sempre a lutar pela minha relação, neste momento perdi a vontade, e só agora é que ele acordou para a realidade e faz de tudo para me conquistar de novo…por mais que goste dessa pessoa e dê valor as suas qualidades parece que algo em mim morreu… 🙁

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