Culpa: a manipulação emocional causa estragos na integridade psicológica. Poucas práticas utilizam tão bem o abuso, a distorção mental e a violação da autoestima, como essa atitude, tão característica dos seres humanos.
Mães, pais, irmãos, casais, filhos e até a nós mesmos somos capazes de executar esse tipo de dinâmica em que predomina o jogo de culpar.
Algo que todos sabemos é que viver em sociedade tem uma necessidade que se concentra em um aspecto muito específico: a busca por segurança nos mais diferentes meios.
No momento em que sentimos que somos atacados, esse elo essencial de proteção é quebrado: o do altruísmo, a cooperação mútua e a confiança.
Se nos perguntarmos agora em que contexto ocorre a manipulação emocional, é possível dizer que, como podemos suspeitar, é indubitavelmente dentro dos relacionamentos. No entanto, um contexto também recorrente e que não devemos negligenciar é o das organizações e empresas.
Como curiosidade, e neste mesmo contexto, basta dar uma pequena olhada em nossa história para descobrir que a manipulação tem sido um dos pilares sobre os quais se estabeleceu o domínio de qualquer império.
A manipulação é alimentada pela sociedade em que vivemos. Nenhuma pessoa se livra de ter exercitado ou sofrido manipulação ao longo de sua existência. Aprender a detectar manipulação emocional é ser capaz de evitá-la e, para isso, você deve primeiro saber o que é, como se manifesta, como é mascarada e como é usada.
“A manipulação só prospera naqueles que dizem ‘sim’ compulsivamente a tudo e aqueles que são fracos na defesa de seus direitos” (Walter Riso).
A manipulação emocional costuma ter boas intenções. Vem da mão de um melhor amigo, a pessoa que diz que nos ama ou o colega de trabalho com quem realizamos um projeto comum, confiamos e eles usam essa aliança para obter um benefício secreto. Às vezes, é pelo simples prazer de controlar, outras para reforçar a autoestima, obter algo em troca ou simplesmente magoar.
Por outro lado, além de nos perguntarmos sobre o motivo que leva uma pessoa a exercer manipulação emocional, não podemos ignorar um aspecto igualmente interessante: a PERSONALIDADE.
Como deduzimos, nem todas as pessoas exercem esses truques mentais para submeter os outros à sua vontade.
A Universidade de Michigan, por exemplo, conduziu um estudo sobre manipulação emocional no contexto do casal, onde revelou que, em média, eles geralmente mostram os mesmos padrões psicológicos: instabilidade emocional, baixa responsabilidade, habilidades de sedução, baixa autoconsciência e abertura social .
Vamos ver abaixo quais são as estratégias mais comuns usadas com frequência ao exercitar a manipulação emocional.
“FAÇA O QUE VOCÊ QUISER”
Quando há uma situação de poder entre duas pessoas, aquela em que o indivíduo que manipula tem a opção mais vantajosa, a pessoa manipulada pode ser ameaçada de perder certas vantagens no caso de não obedecê-la.
Sua manifestação mais sutil ocorre quando um membro da família ou amigo implica que, se algo específico não for feito, o relacionamento sofrerá.
“O instrumento básico para a manipulação da realidade é a manipulação das palavras. Se você pode controlar o significado das palavras, pode controlar as pessoas que as usam” (Philip K. Dick).
“SE VOCÊ NÃO FIZER ISSO”
Por trás desta declaração aparente de boas intenções é velado uma manipulação feroz em que lida com apelos à capacidade de empatia do outro para fazer-nos sentir culpados.
Na sua tradução mais extrema, esse “auto castigo” pode até significar auto-mutilação pelo manipulador.
É por isso que é importante saber reconhecer quando é uma simples chantagem, quando a intenção é te fazer se sentir culpado e quando esta frase não significa uma tarefa, mas o contrário, e não se deixar levar.
“NÃO TENHO NADA”
Depois disso, segue-se um longo silêncio e, normalmente, uma linguagem não-verbal que acompanha a raiva. Implicar com o comportamento uma coisa e com as palavras outra é uma técnica de manipulação muito recorrente para fazer você se sentir culpado.
“TUDO O QUE EU FIZ POR VOCÊ”
É a manipulação por excelência e a que exerce grande parte da sociedade. Estar unido por esse “dar para receber” é uma das maneiras de fazer com que a culpa seja mais usada em todos os níveis.
Assim, é mais do que comum nos vermos nas encruzilhadas emocionais em que o casal, a mãe ou a melhor amiga jogam na cara as coisas que fizeram por nós, a fim de boicotar nossa auto-estima e exercer controle. Devemos ter cuidado com essas práticas.
“SEM VOCÊ NÃO SOU NADA”
Se fazer de vítima é uma maneira muito básica para fazer você se sentir culpado, mas ainda altamente eficiente.
O ouvinte pode temer que o outro cometa algum ato imprudente, aparecendo, novamente, a ameaça de auto castigo.
“Para manipular efetivamente as pessoas, é necessário fazer com que todos acreditem que ninguém as manipula” (John Kenneth Galbraith).
Para concluir, se há algo que sabemos através da nossa própria experiência, é que a manipulação emocional surge em quase qualquer contexto e vínculo. Devemos estar preparados para enxergá-la e pará-la o mais rápido possível.
Estabelecer limites é um exercício de saúde pessoal que nos permitirá criar vínculos mais autênticos (e com menos sofrimento).
Fonte: lamenteesmaravillosa.com
*Texto traduzido e adaptado com exclusividade para o site Natthalia Paccola. É proibida a divulgação deste material em páginas comerciais, seja em forma de texto, vídeo ou imagem, mesmo com os devidos créditos.
(Imagem: Engin Akyurt)