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Novidades sobre o autismo

Assisti ontem a um documentário sobre o autismo (O Enigma do Autismo) que menciona algumas linhas de pesquisa de suas causas e possíveis tratamentos. O que precisa ficar claro, de antemão, é que ainda se sabe muito pouco sobre o autismo.

Refere-se ao autismo hoje em dia como um transtorno que se manifesta em espectro, isto é, existe em uma diversidade de amplitudes e intensidades. Portanto, o autismo pode se manifestar em formas leves até as mais intensas.

Um fato alarmante é o aumento no número de casos diagnosticados. Mesmo considerando que o autismo tenha sido pouco diagnosticado no passado porque era menos conhecido, é inegável que há uma incidência muito maior hoje em dia. Há 50 anos o autismo era considerado uma doença rara, que atingia uma a cada dez mil crianças. As estatísticas desse documentário revelam os seguintes números: uma criança a cada 147 no mundo todo e, na Coréia do Sul, uma criança a cada 38. Calcula-se que houve um aumento em torno de 600% no geral.

Pesquisas feitas na Europa apontam para o fato de que filhos de famílias de imigrantes são mais atingidos. A incidência está aumentada em famílias vindas da África, Caribe e Ásia, onde a cultura e o estilo de vida do país de origem são muito diferentes dos do novo país. Esse é um dado epidemiológico interessante a ser pesquisado. Por que isso ocorre? O que se altera na vida dessas pessoas que se mudam para países tão diferentes dos seus? É a comida, mais industrializada, mais processada? Seria a água? É o acesso à assistência médica que usa antibióticos ou outros tipos de medicamentos com mais frequência? Seriam diferentes contaminantes atmosféricos, domésticos, alimentares? É um conjunto ou alguma combinação desses fatores que atingiriam indivíduos suscetíveis? Por que, entre quatro irmãos de uma mesma família, dois são afetados e dois não o são?

Os estudos dizem que 70% das crianças autistas têm também sintomas gastrintestinais. Muitos casos parecem estar ligados ao uso de antibióticos e às alterações da flora intestinal decorrentes. O documentário mostra casos de crianças que tiveram uma infecção de ouvido, foram tratadas com antibióticos e, partir daí, desenvolveram um problema intestinal persistente. Nessa ocasião surgiu o transtorno do autismo. Algum fator desencadeou a doença.

Sabe-se que no nosso intestino há milhões de bactérias que vivem em equilíbrio entre si e também conosco. Muitas dessas bactérias são úteis para nosso organismo. Algumas podem ser agressivas mas, enquanto estão vivendo em equilíbrio, não nos causam danos. Ora, antibióticos são feitos e usados para agir nas bactérias. Quando tomamos antibióticos para uma infecção de ouvido, por exemplo, eles não destroem apenas as bactérias no ouvido. Eles destroem qualquer bactéria que seja sensível a eles, em qualquer lugar do corpo. Essa é a razão pela qual alguns sintomas gastrintestinais, como diarreia, são tão frequentes quando usamos antibióticos. Eles acabam com certas bactérias intestinais, levando ao desequilíbrio da flora. Quando algumas das bactérias são eliminadas, outras, potencialmente mais agressivas proliferam. Em geral, quando termina o tratamento com antibióticos, a flora bacteriana intestinal se restabelece gradualmente até voltar ao normal.

De acordo com esse documentário, em algumas crianças, a flora permanece alterada e os sintomas intestinais persistem. Isso leva à suspeita de uma relação entre a proliferação de certos tipos de bactérias intestinais e o surgimento do autismo nessas crianças. A mãe de uma das crianças diz que percebeu melhoras no comportamento do filho quando adaptou a dieta dele a essas novas condições intestinais. Outra mãe pediu a um médico que fizesse um tratamento para eliminar essas bactérias mais agressivas do intestino do filho e, enquanto durou o tratamento, a criança teve uma melhora muito grande, tanto dos sintomas intestinais como do comportamento autista.

O documentário não só levanta a suspeita de que antibióticos usados diretamente nas crianças podem estar implicados no surgimento da doença como também menciona aquilo que pouca gente sabe: quantidades imensas de antibióticos são empregadas na pecuária e na agricultura de larga escala, que são as fontes de nossa alimentação.

Em contrapartida, algumas das hipóteses sobre possíveis causas de autismo estão completamente desacreditadas. Uma delas, mais antiga, falava que a culpa era da mãe que não tinha sido amorosa com a criança em sua primeira infância, tendo sido chamada de mãe-geladeira. Outra, mais recente, fez muita gente acreditar que havia uma relação entre vacinas e o surgimento do transtorno. Sabe-se hoje que isso não é verdade.

Autor: Dra. Karen Câmara

Natthalia Paccola

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