A sociedade nos leva a ser “alguém”, a buscar o sucesso e fazer com que os outros reconheçam que somos importantes e valiosos. Como resultado, muitas pessoas passam a vida inteira buscando esse reconhecimento. Elas não percebem que tentar ser “alguém” significa dar as chaves de sua liberdade, que perseguir a ilusão de sucesso encadeia sua autoestima às opiniões dos outros.
Buscar reconhecimento é tornar-se escravo da opinião alheia.
Essa profunda necessidade de reconhecimento significa que estamos tentando consolidar nossa identidade através da percepção de outras pessoas, que retornam uma imagem, como se fosse um espelho, para confirmar nosso valor. Na prática, deixamos de ser “alguém” se os outros não o reconhecem, o que significa que devemos nos adaptar e aderir aos cânones sociais que implicam “ser alguém”. Nesse exato momento, seremos prisioneiros por vontade própria.
O desejo de ser alguém implica que nos alimentemos da admiração dos outros, que precisamos dos elogios deles para confirmar e fortalecer nossa identidade, que satisfazem nosso desejo de ser especial. Assim, fugimos do vazio que implica ser “ninguém”. Mas então nos recusamos a ser nós mesmos para começar a viver através dos olhos dos outros.
Essa realidade se torna uma armadilha que envolve uma dependência contínua dos outros, que devem continuar a reconhecer que somos alguém. Portanto, a jornada para se tornar alguém geralmente se traduz em uma realidade insatisfatória e instável. E, quanto mais tentarmos reforçar nossa “identidade de sucesso”, mais expostos estaremos para fazer tudo desaparecer. Como resultado, somos vítimas da instabilidade da qual pretendemos escapar.
Procurando a solidez que relata ser alguém, tornamo-nos pessoas mais frágeis. Não importa quantas posses, conquistas ou admiração alcancemos, qualquer identidade que dependa do reconhecimento dos outros sempre implica um estado de extrema fragilidade, pois pode desaparecer quando esse reconhecimento social desaparece. A qualquer momento, podemos parar de ser os melhores em alguma coisa ou perder qualquer um dos rótulos que nos orgulham.
Crescimento autêntico vem da humildade interior
Em vez de permanecer em nossa zona de conforto que reafirma nossa identidade, podemos descobrir novos caminhos e maneiras de fazer as coisas. No entanto, para fazer descobertas realmente importantes que dão lugar a uma mudança transcendental, precisamos primeiro nos esvaziar de muitos de nossos estereótipos, preconceitos e crenças. Uma mente que está cheia demais não tem espaço para mudanças.
O engraçado é que só podemos crescer da humildade, da percepção de nossas limitações, deixando de lado esse desejo de ser “alguém”. Somente quando reconhecemos o que não sabemos, podemos aprender coisas novas. As certezas, em muitas ocasiões, fecham o caminho para novos conhecimentos e experiências.
Schopenhauer, por exemplo, pensava que essas experiências sublimes provinham da compreensão da pequenez, do nada do indivíduo antes da imensidão do universo. Então o milagre ocorre: quanto menos você é, mais cresce, mais aprende, mais descobre.
Como podemos nos libertar da obsessão de ser alguém?
O vazio nos leva a entrar em pânico. No entanto, quem tem pavor de vazio é porque ele pensa que é sólido, porque não percebe que lutar para permanecer “alguém” e manter o castelo de sua identidade cercado é completamente ineficaz. Portanto, para se livrar da obsessão de ser alguém, é importante abraçar a mudança, perceber que tudo está se movendo, especialmente a nossa identidade.
Também é essencial sustentar nosso autoconceito de dentro. Esteja ciente de que você não precisa ser alguém para ser feliz, sentir-se satisfeito e viver plenamente. A plenitude como pessoa vem de fazer o que nos traz felicidade, e não de cumprir os papéis sociais que estabelecem as diretrizes para “ser alguém”.
Referência:
Martínez, A. (2017) O objetivo da vida não é ser “alguém”, é ser ninguém. Pijama Surf .
Fonte: rinconpsicologia.com
*Texto traduzido e adaptado com exclusividade para o site Natthalia Paccola. É proibida a divulgação deste material em páginas comerciais, seja em forma de texto, vídeo ou imagem, mesmo com os devidos créditos.
(Imagem: Godisable Jacob)
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