Porém, ao contrário desses pacientes, Baldwin conseguiu descobrir, rápido e em particular. Encostando a cadeira giratória de couro à escrivaninha, ele identificou-se no site do hospital e leu avidamente as anotações da sessão com o terapeuta.
Stephen O’Neill, assistente social, escreveu que a timidez de Baldwin a respeito de seu problema o mantinha isolado. Como ele desejava se ligar a outras pessoas, aquilo era muito contraproducente, observou O’Neill. Porém, durante a sessão, ele também havia comentado como ajudara os vizinhos do prédio. “Tal fato parece ter sido muito apreciado, e ele revelou alegria nítida em ajudar os outros”, escreveu o terapeuta. “Isso ajuda em muito sua autoestima”.
Um sorriso animou os traços amplos e amigáveis de Baldwin. “Acho complicado reconhecer que fiz progresso”, ele disse. “Então, é legal ler esse tipo de lembrete”.
Pacientes com doenças mentais não têm acesso às anotações da consulta, como, cada vez mais, acontece com outros pacientes. Porém, Baldwin está entre os cerca de 700 pacientes do Centro Médico Beth Israel Deaconess que estão participando de uma nova experiência.
Faltando poucos dias para uma sessão, eles podem ler as observações dos terapeutas no computador ou smartphone. A esperança é que essa transparência aprimore a confiança terapêutica e a comunicação.
“Estamos criando uma revolução”, disse o médico Tom Delbanco, professor de medicina de Harvard que defende a ideia de dar acesso às notas dos terapeutas e médicos aos pacientes. “Há quem fique horrorizado com isso”.
Aceitação. Kenneth Duckworth, diretor médico de um grupo em defesa dos direitos de pacientes com doenças mentais, disse: “Ofereci mostrar minhas anotações aos pacientes e eles recusaram, mas esse é um conceito bom que deveria ser pesquisado”.
A prática é tão nova que ainda é cedo demais para uma avaliação abrangente. O Departamento de Assuntos Para Veteranos, que começou a disponibilizar na internet as fichas médicas e de saúde mental no ano passado, só está começando a estudar o efeito nos pacientes com problemas mentais.
Estudos antigos de alas psiquiátricas onde pacientes leem gráficos com os médicos constataram que os primeiros ficavam confusos ou ofendidos com o conteúdo, mas à medida que os segundos os ajudavam a interpretar as observações, os internados começaram a participar mais no tratamento e a confiar na equipe.
Embora os terapeutas do Beth Israel afirmem que alguns pacientes não têm interesse em ler as anotações, as respostas de alguns foram positivas e fortes.
Stacey Whiteman, de 52 anos, ex-secretária executiva em Needham que sofre de esclerose múltipla, enfrenta dificuldades físicas e cognitivas crescentes. A doença abalou sua autoimagem e as amizades; a saúde psicológica afeta a disposição em administrar a doença. Para ela, as observações de médicos e terapeutas se complementam.
“Sim, as observações da terapia podem ser difíceis de ler e, às vezes, me pergunto se realmente falei o que está anotado, mas não resta dúvida de que ler isso dá forças para seguir em frente”.
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