Cérebro humano pode ser treinado para suprimir memórias indesejadas, o que teria implicações importantes para o tratamento de problemas como depressão ou stress pós-traumático.
Como se livrar de traumas ou memórias indesejadas? É só dar um Selecionar tudo (Ctrl+A ou Ctrl+T, na maioria dos programas) e um Apagar (Del). Seria bom se fosse fácil assim, mas um novo estudo indica que a capacidade do cérebro humano não está tão longe disso.
O trabalho, conduzido nos Estados Unidos, destaca que a prática pode levar pessoas a suprimir memórias emocionais, o que teria importantes implicações para o tratamento de problemas como depressão ou stress pós-traumático. Os resultados estão publicados na edição de 13 de julho da revista Science.
Há um século cientistas têm debatido se a supressão da memória é ou não possível. Agora, o grupo liderado por Brendan Depue, da Universidade do Colorado em Boulder, descobriu um mecanismo de supressão de memórias ativas.
Os pesquisadores usaram imagens feitas por ressonância magnética funcional para examinar a atividade em regiões do cérebro envolvidas com o processamento de memórias. Voluntários foram treinados tanto para lembrar como para esquecer imagens negativas.
A cada um, foram exibidos 40 diferentes pares de fotos, cada um formado por uma imagem considerada neutra (de um rosto humano, por exemplo) e outra de uma cena desagradável, como de uma guerra, acidente de automóvel ou crime violento.
Depois de memorizar cada par, os participantes usaram máscaras com visores, enquanto tinham seus cérebros examinados por ressonância magnética. A eles, foram exibidas apenas as imagens neutras. Para metade, foi pedido que pensasse na outra imagem, enquanto aos demais os pesquisadores solicitaram que não fizessem tal associação.
Os resultados dos exames indicaram que a coordenação para a supressão da memória ocorreu no córtex pré-frontal, considerada a base do controle cognitivo. Os pesquisadores verificaram que duas regiões específicas do córtex pré-frontal aparentemente trabalham em conjunto para se sobrepor a regiões posteriores do cérebro, como o córtex visual, hipocampo ou amígdala, que estão ligados a tarefas como memórias visual ou emocional.
“Esses resultados indicam que a supressão da memória realmente ocorre e que, pelo menos em populações não psiquiátricas, ela é controlada pelas regiões pré-frontais”, destacaram os autores.
Para Depue, a supressão de memória pode ser um componente evolucionário. Ele cita como exemplo um indivíduo na pré-história que conseguiu escapar de um ataque violento de um leão enquanto caçava um antílope. “Se o caçador se tornasse tão dominado pelas memórias do incidente a ponto de parar de caçar, ele simplesmente morreria de fome”, disse.
Mas o pesquisador destaca que ainda não se sabe qual a extensão em que uma memória emocional extremamente traumática, como uma batalha ou um assassinato, se manifesta no cérebro humano. “Em casos como esses, a pessoa pode precisar de milhares de repetições do treinamento para suprimir tais memórias”, disse.
Fonte: Agência Fapesp
Não acredito que treinar um humano com um objetivo a ser alcançado seja promover vida a este ser. Desde a adolescência sofro com as limitações da sindrome do pânico, e o que tem tornado minha vida interior um riquíssimo meio de auto decoberta é exatamente abraçar os desafios entendendo que através daquela situação encarda sem minimilizá-la é o que faz de me alguém capaz de desafiar meus próprios fantasmas, e isso não tem preço. Mas na nossa cultura ser feliz é uma imposição urgente, a vida tem que ser consumida, como se para vivermos fosse necessário normalizar tudo e qualquer sintoma que nos tira da “NORMALIDADE” dos valores virgentes.
Assim como a Joelma, também sofro e muito com as limitações da síndrome do pânico. Cada um sabe o seu grau de sofrimento. Porém, não vejo que a possibilidade de viver melhor seja uma imposição urgente de ser feliz. Assim como a humanidade evoluiu (bens e males) a medicina também vem tentando acompanhar o processo. Mas caberá a cada um querer se submeter a este, quem sabe, tratamento para a melhoria. Se der certo, estarei lá para viver melhor ainda!
Acredito que se isso fosse possível estaríamos retirando métodos de defesas psíquicas do nosso organismo, pois precisamos dessas lembranças de situações aversivas para construirmos nosso senso crítico e nos fortalecer ainda mais, criando novas posturas de se viver na sociedade.
Estudei quase quatro anos Psicologia! Um dia um professor falou dentro da sala de aula, que um Psicologo pode endireitar ou estragar a vida de uma pessoa…acho que traumatizei!!!
Resolvi dar um tempo.
Gostei muito do assunto de hoje.
Acho que essa historia de que o sofrimento psiquico ajuda a pessoa a se “aprofundar” e se conhecer melhor, é pensamento de quem nunca passou por uma crise grave de depressão ou ansiedade. Se tivesse um meio de me livrar disso, estaria na primeira fila.
Todos já amamos, odiamos e sentimos medo, raiva e alegria. As emoções influenciam todos os aspectos de nossa vida mental, molda a percepção, lembranças, pensamentos e sonhos; molda nossas ações e reações.
As emoções são os fios que interligam a vida mental. São elas, as emoções, que definem quem somos para nós e para os Outros. São elas que nos tornam felizes, tristes, assustados, desgostosos ou satisfeitos, produtivo ou improdutivo, adequados ou inadequados.
Será que este novo estudo, irá “deletar”, formatar o inconsciente, que a tanto esforço, dor e lágrimas, ficou constatada sua existência, e que apesar de nossa vontade continua a atuar em nossas vidas, apesar de nossa vontade ou conhecimento?
Acredito que assim, como vários outros estudos “científicos” da psique, estão aos pouco sendo reavaliados – por sua amostragem contaminada, este também faz parte dessa fatia. Não há possibilidade de algum medicamento, ou mesmo algum condicionamento – (Darwiniano) desmemoriar o que foi introjetado.
O que se pode fazer, a meu ver, é ter-se a coragem de encarar que, ao introjetarmos alguns conceitos, pré-conceitos, crenças e valores, foram feitas de forma inadequada. Uma re-alfabetização emocional se faz necessária, duvidar dos próprios pensamentos (vez por outra) questionar-se, poderá fazer com que o “colorido” das lembranças EMOCIONAIS seja menos intensos, e consequentemente, a dor será mais suportável.